A Califórnia, região mais rica dos Estados Unidos, foi o primeiro estado a adotar o isolamento domiciliar. Considerado um modelo no combate ao novo Coronavírus, agora colhe os frutos de seus esforços: é o estado americano que menos vem sofrendo com a doença.
Foi neste estado, com sua poderosa indústria do entretenimento, inclusive Holywood, e seu grande pólo de tecnologia, o Vale do Silício, que a brasileira Lígia Grossman, 55, escolheu para morar. Há mais de 20 anos, ela trabalha como cuidadora de idosos, vivendo na pequena Menlo Park, cidade onde fica a sede do Facebook. De lá, Lígia escreveu ao 50emais, contando como enfrenta a quarentena imposta pelas autoridades californianas:
“A primeira conseqüência dessa pandemia foi a redução do meu trabalho e, claro, do dinheiro que recebia. Mas isso está sendo compensado pela ajuda de 1.200 dólares que recebo do governo americano.
Normalmente, eu trabalhava para duas ou três famílias no mesmo dia. E ganhava de 20 a 30 dólares por hora. Costumava trabalhar 45 horas por semana. Veio o isolamento e, agora, só trabalho para uma senhora chamada Jean, por quem eu tenho um enorme afeto.
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São 30 horas por semana. Chego às 9h e saio às 15h. É tudo muito simples: faço o café da manhã, limpo o banheiro, cozinha e arrumo o quarto dela. Faço almoço e preparo o jantar, que ela mesma finaliza à noitinha. É como se fôssemos boas amigas. Conversamos sobre tudo.
Em tempos normais, vamos ao cabeleireiro, ao banco e saímos para ir a lojas. Mas, com a quarentena, estamos sempre dentro de casa. Para quem adora caminhar pelas trilhas, passear pelos parques e apreciar a natureza, a minha rotina ficou bem monótona.
Eu, particularmente, estou sofrendo com esse distanciamento, porque adoro abraçar as pessoas. É muito triste não poder abraçar alguém. Não abracei nem a minha velhinha, que fez aniversário outro dia, no meio disso tudo.
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Eu gosto muito de viver na Califórnia. Moro sozinha e me sinto muito segura, porque o estado dá toda assistência. Se você não puder pagar um plano saúde, por exemplo, tem um programa chamado MediCall que cobre as despesas com consultas médicas, exames, internações e medicamentos. Você não tem que pagar nada.
Desde que começou a pandemia do novo coronavírus, todos aqui seguem à risca as recomendações do governo. As ruas estão desertas. O comercio continua fechado e o número de infectados e internados não é alarmante.
Enquanto o resto do país, principalmente Nova York, luta desesperadamente contra a doença, que só avança, aqui, vivemos com cuidado, mas com muita tranqüilidade. A Califórnia está sempre na frente dos outros estados americanos. E eu sei que sou privilegiada por viver em um lugar assim.
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