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Cientista britânica garante que temos 12 sentidos e não cinco

Além de visão, audição, olfato, paladar e tato, ela acrescenta outros sete, como cor e direção

20/05/2024
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Jackie Higgins formou-se em Zoologia e foi documentarista. Foto: Reprodução/Internet

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Este artigo de André Biernath foi publicado pelo site da BBC Brasil e merece ser lido pelo ineditismo da ideia que revela: em livro, “Senciente — O que os Animais Revelam Sobre Nossos Sentidos”, publicado na Grã-Bretanha, a pesquisadora Jackie Higgins defende que o ser humano possui 12 sentidos e não apenas os cinco que a gente aprendeu na escola: visão, audição, paladar, olfato e tato.

A cientista acrescentou sete outros sentidos à lista convencional. E justifica no livro, com embasamento científico, porque incluiu cada um deles.

Segundo ela, o sentido cor, por exemplo, explica como vemos a coloração de tudo com que nos deparamos. Assim como prazer de dor é um sentido que está relacionado “aos nervos localizados embaixo da pele que captam esses sinais diante de estímulos externos.”

Como você vai ler nesse artigo, há cientistas que afirmam que temos até mais de 12 sentidos.

Leia:

É curioso pensar como algumas ideias antigas, criadas há séculos e milênios, são capazes de “grudar” na nossa cabeça a ponto de nem discutirmos mais a veracidade delas.

Um exemplo disso é a noção de que somos dotados de apenas cinco sentidos, um conceito que foi desenvolvido por Aristóteles há mais de 2,3 mil anos — e que é ensinado até hoje desde a primeira infância.

Mas o avanço da Ciência permite entender melhor a complexidade e a diversidade das ferramentas que temos para entender o mundo que nos cerca. Hoje em dia, os cientistas apontam que temos muito mais do que cinco sentidos.

Esse, aliás, é o tema do livro Sentient — What Animals Reveal About Our Senses (“Senciente — O que os Animais Revelam Sobre Nossos Sentidos”, em tradução livre), escrito pela britânica Jackie Higgins.

Ela é formada em Zoologia pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde foi aluna do famoso biólogo evolucionista e escritor Richard Dawkins. Depois, seguiu carreira como roteirista e diretora de documentários sobre natureza, que foram produzidos e publicados por BBC, National Geographic e Discovery Channel, entre outros.

Em Sentient, publicado em inglês em 2021, Higgins defende a ideia de que temos 12 sentidos. São eles:

Visão
Audição
Olfato
Paladar
Tato
Cor
Prazer e dor
Desejo
Equilíbrio
Tempo
Direção
Corpo/propriocepção

Além dos cinco sentidos convencionais, os demais falam de capacidades que todos usamos no dia a dia. Como o próprio nome indica, o sentido cor explica como vemos as colorações de tudo.

Leia também: Por que, no fim da vida, pessoas veem entes queridos mortos há anos?

Prazer e dor estão relacionados aos nervos localizados embaixo da pele que captam esses sinais diante de estímulos externos.

O desejo é regido pelos feromônios, substâncias químicas que os animais (incluindo nós mesmos) liberam para atrair possíveis parceiros.

Já o equilíbrio é a habilidade de permanecer de pé, num ângulo de 90 graus — e não com o corpo curvado para um lado ou outro.

O sentido chamado tempo tem a ver com nosso relógio biológico ou o ritmo cíclico de vigília e sono.

Por fim, a direção envolve a nossa “bússola interna” e como conseguimos nos localizar num ambiente. E o corpo/propriocepção diz sobre como somos capazes de nos perceber em relação a tudo que nos cerca.

A especialista admite que a lista dela está longe de representar um consenso entre especialistas da área — alguns estudiosos dizem que temos mais de 30 sentidos diferentes.

No livro, Higgins também discute as diferentes formas de ver o mundo. “Nós temos espécies que enxergam cores diferentes em relação ao que conseguimos captar. Isso é fascinante, porque podemos imaginar um mundo diferente do nosso”, diz ela, em entrevista à BBC News Brasil.

Capa do livro ‘Sentient’, da pesquisadora. Foto: Reprodução/Internet

“Quis passar essa noção de que vivemos num mundo cercado de diferentes sinais e estímulos. Mas nós só conseguimos perceber aqueles que nossos órgãos sensoriais são capazes de captar e levar até nosso cérebro.”

Confira a seguir os principais trechos da entrevista da pesquisadora à BBC News Brasil.

BBC News Brasil – Por que você decidiu escrever um livro sobre os sentidos?

Jackie Higgins – Existem tantas respostas para essa pergunta… No início do livro, há uma frase de Leonardo Da Vinci que acho muito interessante. Ele fala sobre essa noção de que olhamos sem ver, ouvimos sem escutar, tocamos sem sentir… E essas ideias realmente ressoam em mim.

Leia também: Dr. Paulo Niemeyer: Para melhorar o cérebro, você tem que cuidar do espírito

Há tendência no pensamento contemporâneo de estimular o mindfulness, a atenção plena, o estar presente — e, muitas vezes, uma maneira de fazer isso é canalizar os sentidos, pensar realmente com cuidado sobre o que você vê e sente, o peso do corpo sentado no chão, onde a pele toca o solo…

Há uma outra citação que gosto muito. Fui aluna de Richard Dawkins e amo os livros dele. E ele sempre fala sobre essa “anestesia do cotidiano”.

Acho que essas duas citações, de Da Vinci e Dawkins, são paralelas. Elas me passam essa ideia de que olhamos o mundo sem vê-lo de fato. E eu gostaria de questionar isso tudo.

Durante a minha carreira, sempre explorei os sentidos. Fui produtora de documentários, então estive realmente interessada na visão. Quando fazia filmes sobre a vida selvagem, tinha a curiosidade de explorar esses mundos particulares de outros animais.

Certa vez, quando trabalhava para a Oxford Scientific Films, tive que filmar a picada de uma abelha para um documentário da National Geographic. Precisávamos daquela imagem em close-up. Para isso, mergulhei na apicultura e fiquei muito interessada em entender como as abelhas sentem o mundo ao redor.

Foram vários os motivos para fazer o livro. Mas, voltando ao início, acho muito poderosa essa noção de que olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. E percebi que havia muito a explorar a partir dessa frase.

BBC News Brasil – Você mencionou Richard Dawkins. Como foi ser aluna de um nome tão famoso do mundo científico contemporâneo?

Higgins – Foi um grande privilégio. Inclusive, tive a oportunidade de revê-lo recentemente. Fiz uma entrevista com o professor Dawkins numa famosa livraria de Oxford, que se chama Blackwell’s, pois ele estava lançando um novo livro sobre o voo de animais.

Antes dessa entrevista, pude bater um papo com ele. E o professor comentou que escolhe três ou quatro estudantes por ano para ensinar sobre comportamento animal e evolução. Eu o questionei há quanto tempo fazia isso, e ele disse que faz há cerca de 30 anos.

Isso me fez perceber quão incrivelmente privilegiada eu fui de fazer parte desse grupo de pessoas. A maioria delas virou referência na Zoologia.

Para mim, o professor Dawkins é muito especial porque ele é um dos poucos que faz pontes por diferentes mundos. Ele consegue unir o mundo da Ciência com a Filosofia. Como cientista, ele se debruça sobre questões filosóficas — e as responde com Ciência. Para mim, isso é fascinante.

Para completar, ele é um grande comunicador. Porque não basta desenvolver uma ideia… Ele sabe explicá-la de uma forma quase poética. Ele usa uma linguagem que praticamente te arrepia. Muitas vezes, a Ciência parece restrita aos fatos e fica de certa maneira congelada. O professor Dawkins mostra como a Ciência é capaz de liberar a mente e ser romântica, poética, colorida… E isso é algo maravilhoso.

BBC News Brasil – Voltando aos sentidos, uma das coisas mais interessantes de seu livro é como a noção de que temos cinco sentidos está enraizada na nossa cultura. Aprendemos isso ainda nos primeiros anos de escola. E esse é um conceito que, como você explica, foi desenvolvido por Aristóteles há milênios…

Higgins – Sim, o conceito foi desenvolvido há mais de dois milênios, mais precisamente em 350 a.C. E precisamos convir que é uma ideia muito interessante e fácil de compreender. Mas essa é uma boa questão: o que faz a noção dos cinco sentidos ser tão atrativa? Eu acho que ela é tangível e simples, quase óbvia.

Leia também: Tocarei fogo nas bulas

Os sentidos são as formas como interagimos com o mundo exterior, aponta escritora. Foto: Reprodução/Internet

Tenho filhos e lembro quando eles eram pequenos. No jardim de infância, elas tinham um brinquedo chamado Senhor Cabeça de Batata, em que eles podiam colocar olhos, ouvidos, nariz… Mesmo para as crianças, entender os cinco sentidos é algo que faz sentido. Ou seja, essa é uma noção tão longeva pelo fato de ser tão simples.

BBC News Brasil – O fato de as estruturas responsáveis por esses sentidos serem visíveis ajuda nisso? Nós relacionamos facilmente a língua com o paladar, o nariz com o olfato, os olhos com a visão, os ouvidos com a audição e a pele com o tato. Os outros sentidos que você cita no livro estão relacionados a nervos, músculos e glândulas que não são tão fáceis de identificar, a menos que você seja um cientista…

Higgins – Faz sentido. Mas precisamos ter em mente que a ideia dos cinco sentidos é um mito. Isso é um consenso entre especialistas e publicações acadêmicas. Os cientistas concordam que os sentidos são muito mais diversos e vão muito além daqueles que estão relacionados aos órgãos que vemos.

BBC News Brasil – Como você chegou à lista dos 12 sentidos que fazem parte do livro?

Higgins – Foi uma grande diversão, na verdade. Quando você está fazendo um documentário ou um livro, acaba reunindo ideias diferentes e precisa organizar as informações de um jeito que seja possível contar uma história.

Não existe um consenso sobre como definir o que é um sentido. Isso me deu certa flexibilidade em como construir o livro. Quando eu estava no início do processo, li uma reportagem que foi publicada na revista New Scientist sobre o assunto. No texto, havia uma tabela bem simples, que resumia uma lista de dez sentidos. Mas outros cientistas falam em 33 sentidos.

Ou seja, tudo depende de como você define o que é um sentido. Você pode definir o sentido de acordo com o sensor que existe no organismo. Por exemplo, na visão, você tem células nos olhos chamadas cones e outras que são os bastonetes. Mas você também pode considerar que existem três tipos de cones, que permitem a gente enxergar as cores.

Se você pensar no paladar, existem cinco diferentes sensores. No olfato, então, temos milhares dessas estruturas… Ou seja, pode ser um tanto complicado fechar uma lista única, que reúna todos os sentidos.

O meu livro leva em conta esse conceito e define os sentidos pelas experiências. O que fiz foi aprofundar e dividir o que Aristóteles definia como um grupo de cinco sentidos. A visão foi quebrada em dois sentidos diferentes. Por um lado, você tem os bastonetes e os cones responsáveis pelo enxergar. Mas há também células diferentes, que permitem ver as cores.

O tato foi um sentido muito curioso de pesquisar, porque ele é diverso. Há a sensação de toque quando pegamos um objeto, por exemplo. Mas esse simples ato também envolve entender se o objeto é rústico ou sensível, qual o tamanho dele, a temperatura, o prazer ou a dor envolvidos… São muitos detalhes envolvidos com o tato, o que é algo muito fascinante.

BBC News Brasil – Durante a pesquisa, teve algum dos 12 sentidos que você achou mais curioso ou interessante?

Higgins – Foram muitos, sem dúvida. Como disse anteriormente, eu fiquei muito surpresa com o tato. Entender esse sentido foi algo que “explodiu minha cabeça”. E esse também é um sentido que está na fronteira da Ciência moderna. Atualmente, cientistas tentam entender como o tato está relacionado aos nossos sentimentos. Além disso, o livro foi produzido e editado durante a pandemia de covid-19, quando toda a sociedade sentia falta de poder tocar coisas e outras pessoas.

Além dele, o sentido que eu achei mais extraordinário e difícil de explicar foi a propriocepção. Como entender o conceito do nosso corpo em relação ao mundo, como ele está diante de tudo ao redor? É algo difícil de entender porque é praticamente impossível imaginar nossa vida sem essa habilidade.

BBC News Brasil – Como foi descrever essa complexidade da propriocepção num livro voltado ao público geral?

Higgins – No capítulo que falo sobre esse sentido, tive que me desfazer completamente dessa “anestesia do cotidiano” citada por Dawkins. E me aprofundar na propriocepção foi algo que realmente abriu meus olhos. Na verdade, abriu meu corpo inteiro… Entender esse e os outros sentidos foi um desafio não apenas intelectual, mas também emocional. Pude passar um tempo para compreender como os sentidos funcionam e como eles definem quem eu sou.

BBC News Brasil – Ao longo do livro, você cita uma série de espécies que usam os sentidos de formas diferentes a do ser humano. Temos uma ideia de que determinados animais têm sentidos muito mais evoluídos que os nossos — sempre lembramos do olfato incrível dos cachorros ou da capacidade de ver cores diferentes de um beija-flor. Mas seu livro dá uma ideia de que os sentidos dos seres humanos são particularmente bem desenvolvidos e avançados. Você também teve essa impressão enquanto escrevia o livro?

Higgins – Sim, concordo totalmente com essa impressão. Estudar diferentes espécies de animais permitiu que eu tivesse um distanciamento para analisar os fatos. Isso acontece quando falo da capacidade de enxergar as cores de um determinado tipo de camarão, por exemplo. A partir dessa comparação, é possível pensar sobre nós mesmos e como somos extraordinários enquanto seres humanos.

Temos essa tendência de comparar, de pensar quem é melhor ou mais evoluído. Mas a verdade é que a evolução das espécies permitiu encontrar soluções que são melhores para nós e para cada animal.

Para mim, a ideia de que existe uma ordem de superioridade em relação aos sentidos não reflete a realidade. Eu não queria deixar essa impressão no livro. Nós, seres humanos, não somos superiores. Para avaliar os sentidos e a capacidade de cada espécie, você precisa primeiro entender o que está buscando. Nós somos brilhantes em determinadas situações, enquanto os cachorros se sobressaem em outras.

Nós temos espécies que enxergam cores diferentes em relação ao que conseguimos captar. Isso é fascinante, porque podemos imaginar um mundo diferente do nosso. No livro, quis passar essa noção de que vivemos num mundo cercado de diferentes sinais e estímulos. Mas nós só conseguimos perceber aqueles que nossos órgãos sensoriais são capazes de captar e levar até nosso cérebro.

Por exemplo, há uma informação elétrica na água que o ornitorrinco consegue sentir, mas a gente não. Isso é muito fascinante e reforça como o mundo é extraordinário. Nós gostamos de ver documentários sobre animais pelo fato de eles serem diferentes de nós. Eles não são melhores, nem piores. São diferentes. E essa diferença é fascinante.

BBC News Brasil – E quando você conhece essas diferentes capacidades dos animais, pode imaginar mundos aos quais nós enquanto seres humanos não temos acesso…

Higgins – Sem dúvida. E isso não torna o nosso dia a dia ainda mais especial? A maneira como vemos, ouvimos, sentimos… Pode ser que um animal que esteja exatamente do nosso lado tenha uma interpretação radicalmente diferente desse mesmo ambiente. Eu amo pensar sobre isso.

BBC News Brasil – O mundo moderno parece interferir constantemente nos nossos sentidos. Nós temos as luzes que iluminam a noite. Os barulhos da cidade grande. Os aromas de restaurantes ou de esgotos. Como o estilo de vida atual interfere na forma como lidamos com esse mundo exterior?

Higgins – O estilo de vida atual cria desafios aos nossos sentidos, que não evoluíram para lidar com isso. Nosso corpo não se desenvolveu para ficar sentado num veículo durante horas numa estrada de alta velocidade. Nosso sentido de equilíbrio, por exemplo, pode sofrer com isso.

Outro exemplo interessante é o sentido de tempo. Nós temos fotorreceptores que detectam a luz. Basicamente, eles comandam a parte de nosso cérebro responsável pelo relógio biológico e os ritmos do dia e da noite. E nosso corpo certamente não evoluiu para as viagens intercontinentais de avião, em que saímos de um canto do planeta e, em questão de horas, estamos em outro lugar, com um fuso horário completamente diferente. O jet lag é uma complicação disso, pois nosso organismo não evoluiu a ponto de se adaptar tão rapidamente a um novo fuso.

Definitivamente, a vida moderna e a tecnologia desafiam os limites de nossos sentidos.

BBC News Brasil – Na capa do livro, você questiona o que os animais revelam sobre os nossos sentidos. Mas, na sua opinião, o que os sentidos revelam sobre os seres humanos?

Higgins – Ao escrever este livro, eu fiquei muito mais conectada aos meus sentidos. Agora, quando saio para uma caminhada, eu presto muito mais atenção nas cores, nas luzes, nos sons… E também no que eles me fazem sentir.

A partir do livro, também pude perceber que existe muita diversidade entre nós mesmos. A percepção sobre as cores, por exemplo. O rosa que você enxerga pode ser diferente do rosa que eu vejo. E há aquelas pessoas que simplesmente não veem as cores. Aliás, no capítulo sobre as cores, fiquei fascinada com a história de um homem que não vê cores, algo que o tornou um brilhante fotógrafo que trabalha em preto e branco. Há também artistas cegos capazes de pintar paisagens complexas.

Me parece que, quando não temos ou perdemos um sentido, o cérebro se torna mais especialista nos demais… O livro então me fez pensar na variedade de criaturas que dividem esse planeta com a gente e nas diferentes maneiras de ver, ouvir, tocar e experimentar o planeta.

Para mim, o livro não explica uma única maneira de ser humano. Ele mostra as diferentes maneiras de sermos humanos.

BBC News Brasil – O que a Ciência ainda precisa descobrir sobre os sentidos?

Higgins – Há muita pesquisa sendo feita sobre a nossa pele. Para fazer uma comparação, a compreensão que temos sobre a pele é algo parecido ao que sabemos sobre as estrelas ou o fundo do oceano. Entender como a pele e o tato estão relacionados com nossos sentimentos e como percebemos o mundo ao redor é a última grande fronteira para entender nossos sentidos.

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Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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