50emais
O problema de que sofre Sonia Reinol tem o nome de afasia – distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação – e ganhou a atenção das pessoas depois que o ator Bruce Willis, 67, e o cartunista Angeli, 65, foram diagnosticados com a doença. Os dois tiveram que se afastar do trabalho. No caso de Sonia Reinol, a afasia veio depois de um AVC – Acidente Vascular Cerebral.
O interessante neste artigo de Madson Gama para O Globo é ver como Sonia Reinol, empresária do setor de eventos, deu a volta por cima e, hoje, se diz muito satisfeita com a vida que leva, atuando no teatro e na área de audivisual. “O teatro se tornou o meu remédio, porque exercita muito o meu cérebro e me deixa mais feliz” — conta ela.
Leia mais sobre essa história inspiradora:
Quem conversa com a atriz Sonia Reinol, de 61 anos, não imagina que ela convive com uma sequela do AVC que sofreu em 2010 e a deixou em coma por 14 dias: a , que a afasiafeta a capacidade de a pessoa se expressar e compreender as linguagens escrita e falada e se tornou notícia após o ator Bruce Willis receber o mesmo diagnóstico. Muito comunicativa e bem articulada, ela é um exemplo de alguém que tem conseguido driblar o problema, com ajuda da arte.
Após sofrer o AVC, ela deixou a carreira como empresária do setor de eventos e passou a acumular trabalhos nos palcos e no audiovisual. Atualmente, pode ser vista na série “Meu corpo minha onda”, na Amazon. Em agosto, filmará o curta “Colégio Girassol”, dirigido por Bruno Pereira, com previsão de lançamento em dezembro, nas plataformas de streaming. Ela interpretará a dona da escola.
— No início de 2012, vi um anuncio de um curso. Sempre gostei muito de teatro e cinema, mas nunca imaginei fazer um curso. Resolvi me inscrever e comecei a estudar quatro horas todo sábado. Na época, faria cem anos do nascimento de Nelson Rodrigues, e a professora construía uma peça sobre a história dele. Ela me deu o papel de Madame Clessi, personagem que é muito comunicativa.
Foi um desafio para mim assimilar o texto: levei dois meses para entender o significado da palavra “vendo” na peça, mas a professora teve paciência de me explicar e corrigir meus erros. No fim do ano, tirei onda na apresentação! Desde então, o teatro se tornou o meu remédio, porque exercita muito o meu cérebro e me deixa mais feliz — conta.
Do momento em que sofreu o acidente, ela só se recorda que estava tomando banho quando começou a sentir cãibra nos braços.
— Quando acordei no hospital, falava coisas sem sentido e não entendia nada do que os outros diziam. Era estranho. Eu poderia dizer carro querendo me referir a uma caneta, por exemplo. Após a alta, comecei a fazer fonoterapia, que diagnosticou a afasia.
Sempre tive muita energia e resolvi enfrentar essa realidade me mantendo ativa: fiz muay thai, zumba e pole dance até me encontrar na arte, um ano e meio depois — relata a atriz. — Hoje, todo dia de manhã, converso com Deus, jogo caça-palavras, tomo um banho, um cafezinho e vou caminhar a pé ou de bicicleta. Falo com todo mundo o tempo inteiro, sempre brincalhona e com alegria.
Seu principal objetivo atualmente é dar visibilidade à causa da afasia. Em abril do ano passado, lançou o livro “A filha do rei”, que, além de tratar de sua história desde a infância, conta como ela lida com o problema.
— Rei é Deus, que me ajudou muito a me recuperar do AVC — explica Sonia. — Aproveito qualquer oportunidade para falar sobre o tema. Às vezes, num café, abordo alguém e pergunto: “Você sabe o que é afasia?”, e esclareço. Esse conhecimento é importante, porque os afásicos precisam ser tratados com cuidado e carinho e ouvidos com calma. Senão, eles ficam com receio de se comunicar e não melhoram. Não dá para comprar na farmácia um remédio para a afasia. Nosso remédio é treinar o cérebro e o coração, além de fazer fono, que faço até hoje.
Sua última participação em filme foi no longa “Eu acredito em conto de fadas”, lançado em maio. No palco, o trabalho mais recente foi na peça “Jovens heróis”, em março deste ano, na qual interpretou uma diretora de escola vilã.
Leia também: Doenças cardiovasculares, como AVC, são as que mais matam mulheres entre 30 e 69 anos