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Não pergunte a uma mulher que não tem filho por que ela não tem

08/08/2022
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Sheila Heti, 43, autora do livro que discute a escolha ou não da maternidade

Sou uma mulher que nunca teve filhos. E, ao longo da vida, tive que responder não sei quantas vezes à mesma pergunta: por que você não quis ter filhos? Eu me lembrei disso ao me deparar no jornal El País com esta entrevista, feita por Adrian Cordellat, da autora de um livro que está fazendo o maior sucesso. O título é “Maternidade”, da escritora canadense, Sheila Heti, que vai estar no Brasil, convivada da Festa Literária de Paraty, entre os dias 10 de 14 de julho próximo. Sheila admite na entrevista que escreveu o livro enquanto vivia o dilema: Ser mãe ou não ser mãe?. E afirma que, para uma mulher, dizer não à maternidade “ainda é uma opção muito corajosa.”

Leia:

Em seus romances, a escritora canadense Sheila Heti se move com desenvoltura na fronteira invisível que separa a ficção da autobiografia. Maternidade (Companhia das Letras) é um novo exemplo de sua habilidade como equilibrista: lemos o romance como biográfico, mas não saberíamos discernir onde acaba a realidade e onde começa a ficção. Seja como for, Heti revolucionou a literatura de maternidade com um romance que, segundo ela, dá voz a um tipo de mulher que até agora não tinha sido representada: a que decide não ter filhos. Uma mulher que carrega o estigma de “egoísta, hedonista ou desconsiderada” e com o suposto malefício do arrependimento futuro.

Através de uma franca, corajosa e lacônica introspecção, Heti nos aproxima dessa decisão que cedo ou tarde toda mulher enfrenta: ser ou não ser mãe. Uma decisão para a qual, no caso da narradora de Maternidade, e por extensão de Sheila Heti, a escrita do romance atua como um profilático: “Escrever o livro não é uma forma de decidir o que ela quer fazer, mas de adiar a decisão até que seja tarde demais, até que o tempo tenha tomado a decisão por ela e ela já não tenha a capacidade de ter um filho biológico próprio”.

Às vezes você tem de enganar a si mesma para tomar decisões que ainda são difíceis de aceitar.

Pergunta. Maternidade é um livro muito corajoso, um romance que explora o conflito enfrentado por toda mulher que se aproxima de uma certa idade sem ter sido mãe. Por que você decidiu transformar esse dilema no tema central de um romance?

Resposta. Considerei que havia muito a escrever sobre esse assunto, muitos pensamentos que eu não tinha visto escritos sobre esse momento em que a mente questiona a ideia de ser mãe. Eu não tinha visto esse dilema emocional escrito. Acredito que todos os livros sobre a maternidade começam quando o bebê já foi concebido ou depois de ter nascido, então vi que havia um grande espaço nunca abordado, antes que nascesse o bebê, um período da vida que eu mesma estava atravessando. Quando comecei a pensar nesse livro, estava em um período de questionamento.

P. É por isso que o livro é pura introspecção.

R. Pessoalmente, adoro os romances que acontecem na mente de um personagem, e acredito que Maternidade segue a linhagem desses livros. Eu senti isso como uma forma de fazer uma investigação pessoal, filosófica e biológica a partir de uma matéria-prima que estava ao alcance de minhas próprias perguntas e dúvidas. Senti que queria oferecer a mim mesma uma nova narrativa para compartilhá-la com os leitores, utilizando-a para pensar o que poderia significar o fato de não ter filhos. Queria viver em um mundo onde existisse esse livro, para que, como mulher sem filhos, pudesse indicá-lo e mostrar que tipo de mulher era: uma que até agora não tinha se visto representada. E queria que essa decisão se entendesse em sua complexidade, porque uma mulher pode tomar essa decisão por razões

P. Essa ideia ainda é muito arraigada, não?

R. A mulher sem filhos é considerada por muitos como metade de uma mulher, metade de uma pessoa. É por isso que eu queria mostrar uma pessoa completa, sua interioridade em relação a essa vida que ela escolheu. E queria abrir ao leitor possibilidades que ela poderia não ter considerado antes por nunca tê-las visto manifestadas ou escritas. Acredito que com cada livro você cria um mundo e espera que esse mundo crie novos mundos em nosso mundo real e compartilhado.

P. A narradora parece ter tido sempre muito clara a ideia de que não queria ser mãe (“para mim, é isso que a procriação parece: um gesto necessário no passado e sentimental hoje em dia”, chega a afirmar), mas ainda assim acaba mergulhada nesse conflito. É impossível escapar dele?

R. Acho que algumas pessoas o evitam. Por exemplo, aquelas que têm filhos por acidente, as que não podem ter filhos, ou as que sabem muito bem se querem ou não querem. Para as demais, é uma pergunta real e inevitável, principalmente porque você tem um limite de tempo na questão da procriação biológica. Em todo caso, é uma pergunta que parece ser ativada em um certo ponto. Não está sempre aí. E então, em um determinado momento, volta a desaparecer quando o tempo acaba. Também gostei muito disso: como a pergunta sai do tempo e se situa no tempo. E como esse tempo acaba.

P. “Não ser mãe é o mais difícil. Sempre há alguém disposto a se interpor no caminho da liberdade de uma mulher”, escreve. É tão grande a pressão que as mulheres sofrem?

R. Acho que ainda é uma opção muito corajosa decidir não ter filhos. Ainda é algo que uma mulher tem de explicar. Ninguém pergunta a alguém que tem filhos por que teve, mas se você não tem, precisa responder por que não teve. Essa decisão ainda vai contra as expectativas da sociedade, contra nossas ideias da mais alta vocação das mulheres, contra nossas ideias sobre o que o corpo feminino deseja intrinsecamente.

P. Nesse sentido, a narradora explica como uma parte de suas preocupações com o fato de não ser mãe partia de uma realidade: “Ao longo da história, bastava para os homens que as mulheres existissem para dar à luz homens e criá-los”. “Eu não quero ser uma passagem”, afirma a narradora. Há muito feminismo nas páginas de Maternidade.

R. Sim, é claro. É impossível separar a capacidade de uma mulher para decidir sua vida por si mesma de toda a história do feminismo, que tem tentado dar às mulheres esse direito, essa permissão que os homens sempre tiveram.

P. Acredito que, em parte, é graças à ascensão do movimento feminista que podemos ler livros como o seu, em que a narradora aborda conscientemente o dilema entre ser ou não ser mãe. Isso já é um avanço social, não?

R. Sim, mas não é suficiente. Ainda não conseguimos aceitar que as mulheres possam ser diferentes entre si, que as mulheres sem filhos possam ficar satisfeitas sem eles. Não temos uma palavra em inglês, e não acredito que exista em nenhum idioma do mundo, para a pessoa ou mulher sem filhos que não expresse isso como uma carência. Não ter uma palavra para algo já diz muito sobre a invisibilidade e a ilegitimidade dessa coisa ou experiência em nosso mundo compartilhado.

P. Gosto de muito um trecho em que Erica, uma amiga da narradora, afirma que temos filhos para nos proteger de arrependimentos futuros. “É justo obrigar alguém a viver para evitar que nos arrependamos?”, pergunta a narradora. E não pude deixar de pensar em todas essas crianças que nascem para evitar arrependimentos ou para salvar relacionamentos.

R. É que não parece ser uma razão de peso para dar vida a alguém. Mas se você prestar atenção, a linguagem do arrependimento só é utilizada em relação a essa escolha vital; quando você escolhe um trabalho, não fica todo mundo dizendo: “Tem certeza de que está tomando a decisão certa? E se você se arrepender?” As pessoas não agem com tanta cautela quando você escolhe com quem quer se casar ou em que cidade viver. Também não fazem isso quando você diz que vai ter filhos. Essa questão só é levantada em relação ao fato de não tê-los.

P. Também não há nada terrível no arrependimento, não?

R. O arrependimento é uma parte inevitável da vida de todos, o resultado inevitável de ser uma pessoa que decide as coisas e põe essas decisões em prática. Quando as pessoas tentam assustar as mulheres para que tenham filhos porque poderiam lamentar depois, a pergunta que nunca surge é: o que há de errado com o arrependimento? Todos vivemos com algum pesar. Uma vida pode conter plenitude, alegria, interesse, emoção, tristeza, arrependimento, erros, boas escolhas, acidentes, caos. Cada vida contém, inevitavelmente, tudo isso.

P. Miles, o companheiro da narradora, afirma que não é possível ser uma grande artista e uma grande progenitora ao mesmo tempo, porque tanto a arte como os filhos ocupam todo o tempo e toda a atenção. Não sei se, como artista, você também chegou a ter esse dilema.

R. Qualquer escolha requer sacrifícios. Ter filhos requer sacrifícios de tempo, de privacidade, de espaço mental. É claro que é possível fazer as duas coisas, ter filhos e fazer arte, mas por que uma pessoa tem de fazer tudo? Por que uma pessoa tem de tornar sua vida tão plena, tão difícil, tão bem-sucedida? Por que uma pessoa não pode simplesmente fazer o que mais quer e deixar de lado as coisas menos importantes para ela? Por que não posso, como mulher, dizer que a maternidade é menos importante para mim do que outra coisa que quero fazer? Não é uma experiência necessária para todos.

P. Fiz a pergunta anterior devido a um trecho do romance: “Sei que quanto mais tempo eu trabalhar neste livro, menor será a probabilidade de ter um filho. (…) Este livro é um profilático”.

R. Foi assim. A narradora descobre que escrever o livro não é uma forma de decidir o que quer fazer, mas de adiar a decisão até que seja tarde demais, até que o tempo tenha tomado a decisão por ela e ela já não tenha a capacidade de ter um filho biológico próprio. Ela está usando sua arte para salvá-la de uma vida (a maternidade) que ela realmente não quer. Mas mesmo assim ela não pode simplesmente sair, dizer e aceitar isso, não pode assumir toda a responsabilidade por essa decisão porque ainda é muito difícil aceitá-la, então tem de enganar a si mesma.

P. Você levou vários anos para escrever o livro. Essa escrita te ajudou a tomar a decisão final?

R. Na verdade, não. Provavelmente teria sido mais fácil se eu não tivesse escrito o livro. O livro me abriu a possibilidade de ter um filho e de perguntar a mim mesma se deveria tê-lo ou não, o dilema central da minha vida durante muitos anos. Se eu não tivesse escrito esse livro, poderia ter sido um problema muito menor que teria sido resolvido mais rápido.

P. “Não chamamos de café da manhã a refeição que comemos depois que o sol se põe. Estou na tarde da minha vida. A hora de ter filhos é o café da manhã.” Quando se chega a essa certeza, o dilema da maternidade desaparece?

R. Acho que não desaparece nunca. Conheci mulheres que têm filhos adultos e ainda pensam em como teria sido sua vida se não tivessem tido filhos. Não, nenhuma pergunta é resolvida completamente na vida. Acredito que o trabalho da vida não é responder a todas as perguntas para sempre, e sim saber como conviver com elas.complexas e pessoais, não porque seja egoísta, hedonista ou desconsiderada.

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Iniciei minhas atividades como jornalista na década de 70. Trabalhei em alguns dos principais veículos nacionais, como O Estado de S. Paulo e Jornal de Brasil. Mas a maior parte da minha carreira foi construída no exterior, trabalhando para a emissora britânica BBC, em Londres, onde vivi durante mais de 16 anos. No retorno ao Brasil, criei um jornal, do qual fui editora até me voltar para a internet. O 50emais ganhou vida em agosto de 2010. Escolhi o Rio de Janeiro para viver esta terceira fase da existência.

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