Redação 50emais
Você trocaria o conforto de casa, os seriados favoritos, as facilidades do delivery, o happy-hour do fim do dia com os amigos para caminhar, todos os dias, cerca de 25 quilômetros em um país estranho? Parece loucura, mas essa foi a opção de 5.601 mil brasileiros que, em 2018, fizeram o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Em 2008, esse número foi de 1.365.
De acordo com dados da Catedral de Compostela, o Brasil ocupa a 10ª posição no ranking de países que mais enviam viajantes para a rota que tem, no total, cerca de 800 quilômetros (Caminho Francês). “O Caminho de Santiago não é uma viagem, é um projeto de vida. Ao longo de 30 dias, o peregrino tem a oportunidade de buscar-se a si mesmo. É a forma com que muitas pessoas recorrem para virar a página e encontrar novos significados para suas vidas”, diz Daniel Agrela, autor do livro O Guia do Viajante do Caminho de Santiago.
Essas revelações, no entanto, não aparecem de uma hora para outra. Tampouco são fruto de alguma magia que possa existir naquele Caminho. “As respostas, na verdade, já estão dentro das pessoas. A medida que o percurso é trilhado, elas aparecem, surgem despretensiosamente. Assim, passo a passo, o peregrino começa a entender o significado do Caminho de Santiago: promover o encontro de você consigo mesmo”, comenta Agrela.
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Para ele, o Caminho de Santiago atua como um grande facilitador desse encontro. As belas paisagens, as montanhas, os largos campos abertos, o céu exuberante, as flores, as uvas criam uma atmosfera propícia ao peregrino refletir intensamente sobre sua vida, o que passou e o que está por vir. “O viajante passa sua vida a limpo”, reforça o autor.
Sobre o Caminho – O Caminho de Santiago começou a fazer história quando, há doze séculos, foram encontrados os restos mortais do apóstolo Tiago – que hoje estão depositados na igreja da cidade de Santiago de Compostela. Em 1987, esse trajeto foi declarado Primeiro Itinerário Cultural Europeu e, mais tarde, Patrimônio da Humanidade. Hoje deixou de ser um roteiro percorrido apenas por religiosos e passou a fazer parte do destino de pessoas que têm como foco o autoconhecimento.
Sobre o autor – Daniel Agrela é viajante profissional. Formado em jornalismo, iniciou sua vida de mochileiro em 2002. Apaixonado por viajar e escrever usa o faro de repórter para descobrir novas culturas pelo mundo e as retrata em seus textos. De todos os destinos já explorados por ele, o mais marcante e revelador foi à rota de Compostela, motivo pelo qual O Guia do Viajante do Caminho de Santiago – uma vida em 30 dias é seu livro de estreia. Percorreu o Caminho de Santiago (Caminho Francês) duas vezes. É criador da maior comunidade sobre a rota no Facebook, com mais de 56 mil pessoas: www.facebook.com/OCaminhodeSantiago