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O eleitor vai acreditar?

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Vai ser uma briga de verdades para conseguir o voto, qualquer voto, o meu, o seu, o dele, o dela… Histórias serão contadas, cantadas, inventadas, confirmadas, desmentidas, acreditadas e desacreditadas. Quem fez tudo errado vai dizer que fez tudo certo. Quem nada fez, vai argumentar que fez o possível e o impossível. Foto do site www.nsctotal.com.br

 

Ingo Ostrovsky
Exclusivo para o 50emais

Já estamos no meio do segundo mês de 2022. Dizem que com a velhice – ou a senioridade, para usar um termo mais elegante – o tempo passa mais rápido. Como se os 12 meses de um ano se esvaíssem em, sei lá, 200 dias. Será que isso é verdade?

Pensando bem, o que é verdade hoje em dia?

Quando janeiro começou, e parece que já faz tempo, o que se dizia era que este seria um ano especial. Haverá eleições, escolheremos um novo mandatário ou reelegeremos o atual. Isso é um fato, não tem ficcionista de esquerda ou de direita com uma “opinião contrária” a esse fato. Pode haver gente contra a eleição, e há, isso é outra coisa.

Esta semana uma cientista defendeu em artigo na imprensa que em ciência não existe ”o outro lado”. As coisas – fatos, teorias, invenções, descobertas, avanços – provadas cientificamente rejeitam uma contraprova não científica. Não adianta o sujeito dizer “não acredito”. Pode ser o Novak Djokovic ou o Zé das Couves, a verdade da ciência permanece. E prevalece.

Acho um assombro ter que defender isso e teorizar a respeito. Que dias! Nessa nossa grande feira de opiniões todo mundo tem um megafone, organiza um bloco – respeitando o distanciamento social, diga-se de passagem – e puxa o coro, qualquer que seja. Tem de tudo, dos gregos clássicos aos de obediência religiosa. Cria-se uma guerra de ismos.

“Meu ismo é melhor do que o seu!”

“O seu ismo mata, o meu, ama!”

Me lembrei da rainha Maria Antonieta. Fui procurar os brioches.

Tive a sorte de herdar alguns dicionários da biblioteca do celebrado jornalista Armando Nogueira, graças à generosidade de um grande amigo, filho dele. Esta semana topei com o Dicionário de Sinônimos – Poético e de Epítetos, organizado por J. I. Roquete e José da Fonseca para a Lello Editores, do Porto, em Portugal. Foi lá que encontrei duas palavras – crédulo e crente – que, de diferentes maneiras, podem definir o que será este 22 do 21.

“O que crê de leve, com demasiada facilidade, é crédulo”.
“O que crê com boas razões e está firme na sua crença, é crente”.

Pense nisso. Vai ser uma briga de verdades para conseguir o voto, qualquer voto, o meu, o seu, o dele, o dela… Histórias serão contadas, cantadas, inventadas, confirmadas, desmentidas, acreditadas e desacreditadas. Quem fez tudo errado vai dizer que fez tudo certo. Quem nada fez, vai argumentar que fez o possível e o impossível.

Crédulo ou crente, o eleitor vai acreditar?

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